Por: Advogado Vicente de Paula Mendes – Presidente e um dos fundadores do Lar de Antônio Tereza
Numa área de 8.000 m², adquirida em 1987, foram construídos 16 apartamentos amplos, quadra poliesportiva coberta, refeitório, cozinha industrial para 1.500 refeições, três auditórios, salas de aula e consultórios médico e odontológico. Tudo isso ficou pronto em 2009. Mas uma Instituição não se confunde com suas instalações físicas: ela só se concretiza pelo trabalho diário e contínuo de dezenas de pessoas, e muitos voluntários comprometidos com a criança pequena – essa “semente do amanhã”.
O projeto inicial era de oferecer abrigo à criança órfã ou abandonada, em “casas-lares”, cada uma com oito crianças, dirigida 24 horas por uma “mãe social”, apoiada numa estrutura de serviços (assistência escolar, cozinha, refeitório, lavanderia, limpeza, transporte, vigilância, segurança etc.) – até a criança se tornar adulta. A tentativa era de reconstituir a família.
Mas em apenas dois meses de funcionamento, depois de acolher dois irmãos – um menino de 9 anos, já usuário de droga, e uma menina de 11 anos, com sérios problemas de comportamento sexual, percebemos que é melhor prevenir do que remediar – e evitar que o abandono ocorra, mediante ajuda à família. Evoluímos então para a creche e educação infantil em tempo integral, com acolhimento o dia inteiro, por profissionais qualificados, alimentação adequada (lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), “soneca” após almoço, brinquedos saudáveis, transporte escolar, jogos, aulas de música, capoeira, futebol etc. – tudo gratuitamente.
Nos primeiros 5 anos de vida, a criança não aprende apenas a falar e andar: é nesse período que ela forma seu caráter e aprende a conviver, a respeitar o outro, a observar regras e limites, a se alimentar corretamente, a escovar os dentes, a se vestir, a dormir na hora certa – começando a se preparar para a alfabetização. No ensino fundamental (1ª à 8ª série), há uma enorme diferença entre a criança que frequentou ou não frequentou a creche. E neste país de desigualdade profunda, a criança carente do alimento na hora certa, de um lar amoroso ou de habitação condigna, ao receber, desde pequena, tratamento igualitário, sem distinções de cor, raça, religião ou condição econômica – consegue vislumbrar a possibilidade de crescer por seus próprios méritos, indo mais além que os seus pais.
Atuação
Começamos em 2014 com apenas 62 crianças; em 2015 crescemos para 128; em 2016 para 252; em 2017 para 296; em 2018, para 439… em 2019 serão pelo menos 570 crianças… onde chegar? Qual é a meta? – Atender a toda demanda na região próxima, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, sem cujo apoio não poderíamos ter nem metade das matrículas atuais. Aproveitamos este espaço para agradecer ao Prefeito Alexandre Kalil e seus auxiliares na Educação.
A creche também beneficia a família pobre, para que a mãe possa trabalhar. Estamos ampliando as instalações físicas e o quadro de pessoal. Em fevereiro de 2019 ficarão prontas mais 18 salas de aula, todas com mais de 30 m², novos banheiros, novo “escovário”, rampas de acesso, área exclusiva de 600 m² para “soneca”, novo refeitório com 240 m² e novo auditório, com 208 m².
Mais adiante – quando houver recursos financeiros – construiremos um novo prédio nos dois lotes restantes que compõem o campus atual com 17 lotes, que igualmente será destinado à educação infantil, ao ensino profissionalizante e ao “contra-turno” (para a criança do ensino fundamental público, matriculada apenas em tempo parcial).
Talvez, já no próximo ano, abriremos nossa “creche do idoso”, onde velhinhos e velhinhas saudáveis terão a oportunidade de ajudar e de conviver com as crianças durante parte do dia – bem como repousar, receber cuidados, alimentação saudável, assistência médica, odontológica e psicológica, frequentar a biblioteca, utilizar computadores, ter aulas de pilates, de música, de dança etc.
Nossa quadra poliesportiva já é compartilhada com vizinhos e grupos de idosos.
Nosso limite é o que for possível fazer – na missão de servir com trabalho e dedicação. Nosso compromisso – e dever – é de utilizar com estrita parcimônia e honestidade cada centavo dos recursos que nos são confiados, inclusive o dinheiro sagrado disponibilizado pela Prefeitura – originário dos tributos pagos pelos contribuintes.
Temos recebido doações de pessoas e empresas, algumas instaladas na CeasaMinas de Contagem, como a CEMA (Villefort), que recentemente instituiu a doação do “troco” – em benefício do LAR e o empresário Emílio Brandi (Nova Safra) – para citar apenas dois doadores. Todos os anos a família Villefort e seus fornecedores organizam o “Arraiá Beneficente Pampulha” – a melhor festa junina de BH, quando 100% da receita líquida são doados à Instituição.
Contamos também com a ajuda “gerencial” de empresários – que exercem, sem remuneração, cargos de direção na Instituição – como Marcus do Nascimento Cury (“Pité”- da SARG), atual Diretor Financeiro, e Ronaldo Navarro, da REFRISOL, atual Diretor Administrativo.
Nosso símbolo é o de duas mãos protegendo uma casinha de criança. Mas ele também poderia ser o de um portal, alto, largo e majestoso – onde todas as pessoas de boa vontade podem entrar para ajudar e exercer sua responsabilidade social. Servir ao próximo é um privilégio que precisamos aprender a desfrutar. Como disse o poeta Gibran Kalil Gibran, cujo centenário de nascimento foi comemorado há poucos dias no mundo inteiro: “Descubras que é mais prazeroso dar do que receber; mais ainda, sem que te peçam. E não perguntes se o outro merece: perguntes, antes, se mereces ser doador”.
O Lar de Antônio Tereza é uma associação filantrópica regularmente constituída em 04/09/2009, registrada no Cartório Civil das Pessoas Jurídicas sob o nº 128120, Livro A, CNPJ nº 11.422.064/0001-05, com sede na R. Copenhague, 500, Bairro Trevo – BH – tel.: (31) 3497-4242 – ou cel.: (31) 99731-4704 de Vicente de Paula Mendes, atual presidente e um dos fundadores)